quarta-feira, fevereiro 15, 2006

O primeiro jantar

Em quatro anos que tenho a minha casa, e a comprovar a minha predisposição para evitar tomar iniciativas de cariz social, nunca dei nenhum jantar para mais do que duas pessoas.

A casa é pequena; não cabe muita gente ao mesmo tempo. Não há tempo para essas coisas, anda sempre tudo a correr. A comida que faço é desinteressante na melhor das hipóteses, intragável na pior.

Tudo razões válidas para não fazer jantares, e verdadeiras. E ao mesmo tempo, tudo desculpas.

Sim, quebrei finalmente o tabu de organizar um jantar lá em casa. Talvez organizar seja uma palavra um bocado forte. Mas dei um jantar. Não me apetecia nada passar a noite de S. Valentim sozinho, a lembrar o ano passado e a imaginar o que inevitavelmente teria de me passar pela cabeça, com outra pessoa a ocupar o lugar que era meu então. Para isso, já me chegou bem o dia, obrigado. À última da hora, e com o empurrãozinho de uma das minhas Amigas, decidi que iria estar com pessoas de quem gosto, e que como eu não têm a sorte/felicidade/casualidade/frete (riscar o que não interessa) de ter alguém com quem compartilhar as habituais lamechices desta data (e sim, G., eu sei que as datas pré-definidas só nos afectam se deixarmos – processa-me).

Mesmo assim, couberam ao todo para jantar sete pessoas lá em casa. O tempo arranjou-se, mesmo a um dia de semana. E não foi pela minha comida que as pessoas lá foram.

Foi um bom jantar. Não pela excelência do menu, se bem que ninguém se queixou. Os convidados passaram uma noite muito agradável, segundo palavras dos mesmos, e eu também. Toda a gente quis ajudar, desde o jantar até ao tirar dos cafés na minha máquina nova – e que tourada que isso foi! :) Obrigado a todos os que estiveram presentes, por me terem dado o prazer da sua companhia. E outros houveram que não foram convidados por circunstâncias diversas – mas que estiveram lá em pensamento, acreditem-me.

No fim ficou apenas uma pontinha de mágoa. Porque no dia em questão não poderia evitar pensar nos “e se...”, não pude deixar de me perguntar porque não dei eu um jantar, por exemplo, quando ainda namorava. Falei nisso ao meu ex (continua a ser estranho dizer isto, embora cada vez menos) algumas vezes, mas a receptividade da parte dele foi nula, como foi aliás a muitas outras coisas agora para o fim, mas isso já ultrapassa o assunto em aberto. Teria sido giro partilhar a organização de um jantar à séria com ele, trabalharmos os dois para isso, e como diz a querida Shakira-ou-aquela-moça-obcecada-com-os-seus-seios-pequenos: “When the friends are gone / When the party's over / We will still belong / To each other”. Mas não aconteceu.

Este jantar é também um ponto de mudança para mim. Primeiro, porque agora que comecei, já não quero parar. Haverão mais jantares. E depois, porque começo a conciliar partes da minha vida que até aqui nunca se misturaram e que pelos vistos ligam lindamente (juntando uma amiga de longa data com os meus amigos alegres). Um pequeno marco num caminho que tenciono seja daqui para a frente cada vez mais pautado por uma evolução da minha parte e por uma variedade que abra cada vez mais os meus horizontes.

5 comentários:

G. disse...

"Love is lost, love is found"
Onde é que eu já ouvi isto antes?
É muito bom saber que estás a descobrir que Love actually is all around - já dizia o filme britânico.
Adorei este post. Esses pequenos passos, os gestos mais simples às vezes fazem toda a diferença e com este pequeno baby step num instante estarás a correr novamente junto com a vida :)

P.S. Achas que a Shakira também iria gostar do Álvaro?

rmixme disse...

Por acaso eu não agradeci o jantar, ups! Mas acho que sabes que adorei. São poucas ou mesmo nulas as coisas que faças que eu não gosto (à excepção dos atrasos...tao massacrado que tu foste, tadinho).
Foi um jantar que correu bem e que as pessoas souberam estar, o que nem sempre acontece. É bom ver os laços de amizade unidos num só local.
Elogio também a tua recepção e o teu carinho para com todos.

Quanto ao facto de não quereres parar de fazer jantares...Prepara-te porque em breve terás concorrência ;)

Anónimo disse...

No que me toca, agradeço desde já a inclusão no jantar, fico lisonjeado. Confesso que qd fui convidado, no dia anterior, nem reparei q seria no dia dos namorados. Só depois acordei, sim depois de um dia de trabalho, e interroguei-me pq no dia de namorados, que era uma 3ª feira, nem sequer fim de semana era. Depois percebi e me agradou bastante. Quantos aos jantares, acho que ninguém vai mesmo pela comida, acho eu, mas para estar com quem mais gosta. Não vou repetir e dizer que são tudo desculpas para não os fazer, uma vez reconhecidas pelo próprio anfitrião. Ainda bem que há promessa de mais, e se cada um colaborar fica muito mais fácil para todos, apesar de não ter contribuído neste com nada, pq me esqueci de levar, e não ter feito rigorosamente nada, prometo que farei de futuro.
Assim apetece recomeçar a iniciativa.
Beijo

Gil

Forever'i disse...

deixa ver !!!!!!!
o cUmentário que posso fazer!!!!
António, havia sopa?????
ai a sopa.....eheheheheh!!!!
Adorei saber que tenhas quebrado esse "tabu", que inveja nao poder fazer o mesmo, um diaaaaaaa!!!!
tb fico contente por saber que estava no teu pensamento, tal como tu estas sempre no meu, tb no meu coração. força Amigo, continua.

Micronauta disse...

Ena, tanta gente! :)

G.:
Love really is all around. Obrigado por fazeres parte do círculo que me rodeia dele.

Rmixme:
Nunca é preciso agradecimentos entre nós. A gente entende-se! :) E fico à espera da concorrência.

Gil:
Tu já tens créditos que nunca mais acabam, com os jantares fantásticos em tua casa! E para além disso, quando é contigo, queres sempre que toda a gente trabalhe muito e leve carradas de coisas, certo? :P

Pedro:
Oh pá, sopa é que não havia. Só por isso é que não foste convidado. :P
E sabes bem que é mútuo, moço, por isso força também para ti!