segunda-feira, fevereiro 27, 2006
Realeza e Vegetais
Espero que tenham o som bem alto! :)
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
Memórias de uma Geisha
Uma paleta de cores hipnotizante, espalhada na tela como se de um quadro se tratasse, pinta delicadamente o retrato de um espaço e tempo remotos pela sua distância cultural, com regras e costumes tão diversos dos nossos que é difícil colocarmo-nos na pele das personagens. E no entanto, por baixo dessas diferenças existem os mesmos sentimentos, as mesmas aspirações com que vivemos dia a dia.
Esta é a história de uma mulher, construída em torno de um sentimento. De um propósito.
Chiyo é vendida em criança pelo seu pai, juntamente com a sua irmã, a uma casa de geishas. A irmã não é aceite, sendo vendida a uma casa de prostituição, e Chiyo encontra-se sozinha no mundo. Mas cairá ainda mais baixo. Os esquemas de Hatsumomo, a mais célebre geisha da cidade, que a vê como uma ameaça potencial, têm os seus frutos: nunca será uma geisha, nunca passará de uma escrava.
A menina perde toda a esperança. Para ela, a vida acabou. Até que um dia, um homem que não conhece lhe fala com bondade e lhe oferece um gelado. Fascinada por ele, Chiyo decide que um dia será ela a estar no lugar das mulheres que o acompanham. Um dia, será uma geisha, custe o que custar.
Chiyo é a água espelhada nos seus olhos azuis. Adapta-se, procura um caminho por entre as rochas que formam o seu horizonte. A sua oportunidade surge anos depois, quando Mameha, a rival de Hatsumomo, a procura com o intuito de a tornar sua aprendiz. Em pouco tempo, ensina-lhe toda a arte de ser uma geisha. Culta, educada, bela, sensual, uma geisha é uma obra de arte viva, para ser desejada, apreciada pelos homens. Logo, e apesar da inveja de Hatsumomo, que continua a querer arruiná-la aos olhos de todos, Chiyo renasce como Sayuri, tornando-se tão famosa e cobiçada que a sua virgindade acaba por ser vendida pelo valor mais alto de sempre.
Mesmo assim, Sayuri vai descobrir que o destino continua a levá-la para longe da única coisa que deseja: o amor do homem que um dia levou a esperança de volta à sua vida.
Para alguns, o amor é a queda. Para Hatsumomo, amar estava-lhe vedado pela existência que a escolhera. No final, o sentimento destrói-a. Por dentro, assim como por fora. Mameha vive a sua vida sem ceder ao amor secreto que tem pelo seu patrono, e que não podea demonstrar, até que este se suicida depois da queda do Japão na II Guerra Mundial. No final, apenas lhe resta a vida vazia de geisha.
Para outros, o amor é a redenção final. “Todos os passos que dei foram em direcção a este momento”, diz Sayuri ao Administrador. A água encontra por fim o seu curso.
Um filme belo como poucos.
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
De pára-quedas
Na segunda-feira tive um café simpático. Ontem tive um jantar mais simpático ainda. Com alguém que me parece uma pessoa que gostaria de conhecer melhor. Alguém que (hipoteticamente) poderia vir a significar mais para mim.
Estou a entrar por um caminho que pensei não trilhar tão cedo. Talvez por isso seja complicado; ainda vou carregado com a bagagem dos últimos meses.
Desde ontem que digo a mim mesmo que é bom passar por isto. Porque é, na realidade. Estou a recordar-me como é bom começar a conhecer alguém. Ver um sorriso na cara do outro e perceber que está a gostar genuinamente de estar ali. E perceber sem olhar para o espelho que estamos a sorrir também.
Mas a dúvida está lá. Estou a gostar da pessoa pelo que ela é? Ou estou simplesmente a tentar preencher o vazio que ainda tenho na minha vida?
Tento pôr em ordem os meus sentimentos. E tento seriamente não brincar com os sentimentos de ninguém. Ainda é extremamente prematuro dizer se poderá ser algo mais sério. Por isso, vou deixar rolar, mas com muita calma.
Uma coisa é certa. Ganhei um novo amigo. Só isso já é motivo para estar feliz.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Fim de Semana
O final de sexta-feira teve alguns pontos menos bons; felizmente, Sábado e Domingo foram bem mais preenchidos do que é normal ultimamente. E não houve uma parte que se pudesse dizer que foi má. Para resumir, o programa das festas foi o seguinte:
Parte 1: Sábado
Como tenho o rádio na Antena 2, o despertar foi com uma entrevista com uma senhora idosa que contou como era a vida lá numa quinta no tempo do D. Miguel. Bem giro. Fast forward… Almocei comida da mamã e rumei a Lisboa, supostamente para procurar fato de Carnaval para mim. Quase que chegava à loja, mas desencaminharam-me para tomar café. A tarde foi muito agradável, na baixa, e depois passámos os dois à FIL. Cortesia da mana, que estava num dos stands, entra a Nauticampo.
Nauticampo. Uma feira nos pavilhões da FIL. Com barcos, barcos, e mais barcos. E caravanas, também, e tendas. A exposição tem barcos inacreditáveis. As caravanas também são fantásticas; só apetece pegar numa e dar uma volta sem destino, durante um mês ou dois. São coisas que nos fazem sonhar, e perceber que nunca seremos ricos. Admitamos, a maior parte das coisas em exposição era basicamente inatingível. Isto inclui a secção dos fuzileiros que acompanhavam um helicóptero e um tanque de mergulho, também expostos. Ai, ai…
Fugimos da FIL debaixo de chuva, o que teve bastante mais piada, claro. Despedi-me da companhia para ir jantar com vários outros amigos. Depois da refeição, um chá calmo, seguido do aparvalhar desvairado que às vezes também é preciso (se bem que por vezes chega a pontos em que seria necessário usar uma arma de tranquilizantes – mas quem se está a queixar? :) ).
A noite terminou no T., onde a música não esteve nos píncaros mas também não foi de se deitar fora. Deu para dançar um pouco…
Parte 2: Domingo
Acordei com uma mensagem. Uma boa mensagem. Preguicei um bocado, o que também considero uma parte boa do fim de semana. Fiz um almoço para lá de bom (especialmente porque não deu muito trabalho). Apesar da chuva saí de casa, e fui visitar o meu afilhado, que já não via há quase dois meses. Brinquei com o puto, que consegue ser metade terrorista, metade anjo, e divertimo-nos à brava com esgrima – ele vai mascarar-se de príncipe no Carnaval – e bebemos sumo de manga. Loucura total!
Vai de ir para Lisboa de novo, desta vez para jantar com o Pedro, e ir depois ao S. Luís viver uma das noites mais hilariantes da minha vida. “As Obras Completas de William Shakespeare em 97 minutos”, da responsabilidade da Companhia Teatral (Reduzida) do Chiado, é uma coisa completamente fora do normal. Não há maneira de descrever uma experiência que está em cena à 10 anos, sempre esgotada. Se não conseguirem bilhete, não sou eu que vos vai conseguir explicar o que estão a perder.
E no finalzinho da noite, depois de voltar para casa, ainda houve tempo para um chat acompanhado de chá. Hummm…
domingo, fevereiro 19, 2006
Um café e um amigo
Um amigo que não queria perder.
Não falámos de tudo, mas tudo o que falámos tinha um gosto de familiaridade. Não foi estranho, foi perfeitamente natural, como se o interregno não estivesse lá.
Gostei do café. Gostei de andar à caça de acessórios de Carnaval. Gostei de ver barcos e caravanas. Gostei de fugir da chuva.
Senti-me à vontade com ele, e acho que ele também sentiu o mesmo comigo.
Agradeço-lhe. Por me ter convidado para o café. Por me ter acompanhado à exposição. E principalmente, por certas delicadezas que teve para comigo, consciente ou inconscientemente.
Obrigado, amigo.
sábado, fevereiro 18, 2006
Unvalentine
Fazer desmoronar uma parte dos seus sonhos, roubar-lhe algo a que se agarrou, soube-o à pouco, por bastante tempo.
Disse-lhe que tinha feito o melhor em dizer-me. Que era preferível saber finalmente com certeza que não valia a pena ficar a pensar em mim como algo mais do que um amigo. Que assim podia seguir com a sua vida.
O pior é que não tenho a certeza que tenha sido o melhor. Que, pelo que ficou implícito, para ele talvez fosse melhor ter-me ali eternamente como uma possibilidade do que saber claramente que a única coisa que poderá ter de mim é uma amizade. Que nunca teve alguém que o amasse verdadeiramente, e que apesar de ainda ser bem novo, me via como uma última oportunidade.
Custou-me perceber isso, como me custou dar-lhe a resposta. Via-me no lugar dele, se as posições se invertessem. Tive de lhe dizer, claro. Mas sei que lhe causei dor. Desilusão, pelo menos.
Espero sinceramente que ele venha a perceber um dia, como eu percebi, que mesmo no nosso mundo há lugar para amor verdadeiro. Pode não ser eterno, pode transformar-se numa amizade, pode até acabar simplesmente, mas é amor enquanto dura. E que esse amor virá para ele também, e será correspondido. Acredito que todos temos direito a alguma felicidade.
E não, não me esqueci que ainda estou a recuperar do último. Mas esse mesmo último, com fim e tudo, teve muito que me faz acreditar em cada palavra que acabei de dizer.
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
O primeiro jantar
A casa é pequena; não cabe muita gente ao mesmo tempo. Não há tempo para essas coisas, anda sempre tudo a correr. A comida que faço é desinteressante na melhor das hipóteses, intragável na pior.
Tudo razões válidas para não fazer jantares, e verdadeiras. E ao mesmo tempo, tudo desculpas.
Sim, quebrei finalmente o tabu de organizar um jantar lá em casa. Talvez organizar seja uma palavra um bocado forte. Mas dei um jantar. Não me apetecia nada passar a noite de S. Valentim sozinho, a lembrar o ano passado e a imaginar o que inevitavelmente teria de me passar pela cabeça, com outra pessoa a ocupar o lugar que era meu então. Para isso, já me chegou bem o dia, obrigado. À última da hora, e com o empurrãozinho de uma das minhas Amigas, decidi que iria estar com pessoas de quem gosto, e que como eu não têm a sorte/felicidade/casualidade/frete (riscar o que não interessa) de ter alguém com quem compartilhar as habituais lamechices desta data (e sim, G., eu sei que as datas pré-definidas só nos afectam se deixarmos – processa-me).
Mesmo assim, couberam ao todo para jantar sete pessoas lá em casa. O tempo arranjou-se, mesmo a um dia de semana. E não foi pela minha comida que as pessoas lá foram.
Foi um bom jantar. Não pela excelência do menu, se bem que ninguém se queixou. Os convidados passaram uma noite muito agradável, segundo palavras dos mesmos, e eu também. Toda a gente quis ajudar, desde o jantar até ao tirar dos cafés na minha máquina nova – e que tourada que isso foi! :) Obrigado a todos os que estiveram presentes, por me terem dado o prazer da sua companhia. E outros houveram que não foram convidados por circunstâncias diversas – mas que estiveram lá em pensamento, acreditem-me.
No fim ficou apenas uma pontinha de mágoa. Porque no dia em questão não poderia evitar pensar nos “e se...”, não pude deixar de me perguntar porque não dei eu um jantar, por exemplo, quando ainda namorava. Falei nisso ao meu ex (continua a ser estranho dizer isto, embora cada vez menos) algumas vezes, mas a receptividade da parte dele foi nula, como foi aliás a muitas outras coisas agora para o fim, mas isso já ultrapassa o assunto em aberto. Teria sido giro partilhar a organização de um jantar à séria com ele, trabalharmos os dois para isso, e como diz a querida Shakira-ou-aquela-moça-obcecada-com-os-seus-seios-pequenos: “When the friends are gone / When the party's over / We will still belong / To each other”. Mas não aconteceu.
Este jantar é também um ponto de mudança para mim. Primeiro, porque agora que comecei, já não quero parar. Haverão mais jantares. E depois, porque começo a conciliar partes da minha vida que até aqui nunca se misturaram e que pelos vistos ligam lindamente (juntando uma amiga de longa data com os meus amigos alegres). Um pequeno marco num caminho que tenciono seja daqui para a frente cada vez mais pautado por uma evolução da minha parte e por uma variedade que abra cada vez mais os meus horizontes.
terça-feira, fevereiro 14, 2006
Estranho
Fico acordado à noite, com um estranho dentro de mim.
Não o conhecia, não me reconheço,
A este estranho, que ficou quando tu foste,
Que conta as horas até te ver de longe
E que olhando para ti vê outro estranho
Com olhos que já não são meus.
Não durmo; mas também não estou desperto.
O outro que deixaste comigo
Chama por ti,
Chama pela forma que deixaste impressa na minha cama.
Levanto-me, mas não consigo erguer-me.
Talvez devesse apresentar-me, a este estranho,
E trapacear atalhos para fora de ti.
Tento fazer um mapa da face
Que me fita agora no espelho e não me fixa;
Experimento tocar-lhe, mas é água, é fumo, é mentira.
Abomino-o.
Queria querer bani-lo
Ao fantasma que ocupa o meu lugar
Preso a um lugar onde só tu pertencias
Mas não posso.
Afinal, não há nada para além dele.
Nele só há uma constante que percebo
Não é dor
É só o vazio
A que este estranho chama vida.
domingo, fevereiro 12, 2006
sábado, fevereiro 11, 2006
Uma razão para acreditar
Aos meus pais, agradeço por se amarem. A esses dois Seres que adoro, mesmo que se calhar há muito tempo não o diga por palavras, tenho a agradecer mais coisas do que seria possível enumerar, mas hoje agradeço-lhes pela dádiva de me permitirem ainda acreditar que é possível encontrar alguém que nos complete e queira percorrer esta estrada de mãos dadas.
terça-feira, fevereiro 07, 2006
Men at Work
Anda-se em obras. O chão de duas salas teve de ser substituído, devido a uma inundação que há algum tempo atrás fez levantar os tacos, e enquanto os homens trabalham paira uma nuvem de poeira pelo escritório. Entranha-se em tudo. Entra pelas narinas. Não temos servidor porque teve de ser retirado de uma das divisões, por isso trabalha-se a meio vapor. Durante a pausa, bebeu-se o café em pé; as cadeiras da copa estão soterradas com tralha (vulgo pastas).Tive de receber um fornecedor no meio da confusão, examinando a proposta dele em cima da máquina das fotocópias que neste momento está perto da porta de entrada.
Nota 1: A proposta do fornecedor teve mesmo a ver com materiais, e não com o que quer que estejam a pensar.
Nota 2: É pena porque a pessoa era muuuito interessante...
Vamos lá ver se amanhã já se recomeça a trabalhar normalmente, sem o barulho da serra circular a maltratar-nos os tímpanos. Não me apetecia muito ter de levar protectores para ouvidos e máscara para o pó.
Orgulho e Preconceito
O cinema tem destas coisas. Quando o filme é bom, transporta-nos para outra realidade, mostra-nos pedaços de vidas que são reais enquanto estão ali à nossa frente. Passei por um portal desses neste fim de semana. O amor contrariado pela sociedade do século XIX, mas mais ainda pelos próprios a quem pertencia, foi um doce para mim.
Porque o filme era belíssimo, com imagens que hipnotizavam e uma atmosfera que envolvia os sentidos.
Porque Lizzie era vibrante, linda, sonhadora e Darcy fechado, taciturno, e completamente comovente na sua incapacidade de dar a conhecer os seus sentimentos, e ainda assim sabíamos que o seu destino era ficar juntos.
Porque apesar de nunca se tocarem, a energia e atracção que envolviam o par cada vez que estava junto no ecrã era palpável.
Porque ri, e chorei.
E porque bem precisava de uma história de amor com final feliz.
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
Paredes de Coura
É uma vila a crescer, talvez aproveitando a notoriedade que o dito festival lhe dá. Tem toda uma zona central completamente modernizada, com estacionamentos subterrâneos, um novo centro de saúde, urbanizações novas, vias perfeitamente urbanizadas, uma ciberloja para o pessoal jogar online ou navegar na net, enfim...
Os acessos à vila e a zona mais periférica são outro assunto, naturalmente. A estrada continua a estar no patamar a seguir ao caminho de cabras, e os arrebaldes continuam a ser uma perfeita aldeia do norte, com os seus muros de pedra e casinhas a condizer. Com vacas a pastar e tudo.
O que também me surpreendeu um pouco foi a quantidade de gente nova misturada com os idosos que se via por lá. Tem-se a ideia que fora dos centros urbanos a população é maioritariamente envelhecida, mas não era o que parecia.
E as pessoas com quem tive contacto foram todas muito simpáticas. Achei que talvez não fosse assim por ser o peixe fora de água, um mouro, enfim. Talvez seja só assim no Porto, não sei... :)
Parece que Paredes de Coura vai bem lançada. Claro que não conheço nem faço tenções de conhecer a economia da região, mas a julgar pela capa, este livro tem uma boa estória lá dentro.