quinta-feira, agosto 17, 2006

No Festival - Vingança Kármica

No Domingo, fui almoçar a casa da minha prima de Odivelas. Foi o aniversário dela e como é tradição reuniu-se grande parte da família, num daqueles almoços que sabem mesmo bem, tanto pela comida como pelo convívio que já não é tão frequente hoje em dia. Foi excelente, mas apesar de me custar um pouco sair de lá, tinha outra coisa boa à minha espera e consegui chegar a Almada sem muito atraso, para nos pormos os três a caminho dos Algarves.
Depois de um caminho naturalmente um pouco demorado mas sem incidentes, chegámos a Sagres e localizámos o caminho da vila para o Parque. À beira dessa estrada, quase totalmente ocultos pela escuridão, caminhavam diversos vultos de pessoas que (percebia-se) estavam hospedadas no parque e pediam boleia para lá. Lembro-me de na altura pensar para mim mesmo “Não querias mais nada…”

Foi esse o meu erro.

Pelos vistos os poderes cósmicos até estão atentos, de vez em quando. “Ai gozas? Depois de te estarmos a dar um dia bom? Então espera aí…” É que chegados ao parque de campismo, e a tenda montada, a J. recebe um telefonema. Por motivos familiares, tem de voltar para Lisboa nessa mesma noite. E volta, e com ela o carro.

E o A.R. e eu ficamos no Parque de Campismo de Sagres, a 4 Km do mundo civilizado… apeados.

Viemos a Sagres para passear, mas também porque o A.R. ia trabalhar no festival nestes dois dias. Não podíamos voltar para Lisboa com a J., apesar de nos custar deixá-la ir sozinha. Assim, tivemos de nos arranjar sem transporte, e os planos para as mini-férias foram forçosamente alterados. Praia estava fora de questão, porque sem carro não dava tempo de ir e voltar e ainda estar prontos a tempo de trabalhar. Valeu-me o bronze adquirido nas caminhadas à beira da estrada. Discoteca também nem pensar, especialmente porque se tinha falado em ir à Kadoc, que apesar de ser no Algarve, ficava a mais de 100km… Contentei-me com o som do stand da Chipmix, que por acaso até não foi nada mau.

Custou. Os vários percursos entre a vila e o Parque foram violentos. Umas vezes porque estava um calor abrasador, outra por cauda da escuridão total, outra ainda (a última) porque viemos carregados com TODO o material de campismo, de trabalho e roupas, mas todos porque a distância era grande, sem passeio de jeito, por cima de uma berma de pedras ou alcatrão quando não haviam carros. O coitado do A.R., depois de vários destes trajectos, ainda tinha de trabalhar 8 horas praticamente seguidas. E como éramos (somos) maçaricos no campismo, não levámos qualquer tipo de colchão ou almofada, apenas os sacos cama, o que quer dizer que o nosso descanso deixou um pouco a desejar.

Adicionando o que está acima às refeições improvisadas, e à utilização dos sanitários comunais do Parque, quase parecia que estávamos a viver um fim de semana de recruta. As coisas não correram exactamente como estávamos à espera.

Finalmente, e felizmente, depois de acabarmos o trabalho na terça à noite quase à uma da manhã, a J. conseguiu voltar para buscar-nos, sem o quê eu não conseguiria ter regressado ao trabalho na quarta-feira de manhã. Foi uma viagem muito mais rápida do que a vinda, pelo menos para mim. Afinal, dormi o caminho todo.


No próximo post, o festival propriamente dito e o porquê de estes dias não terem sido como pareceria à primeira vista uma desgraça total (pelo contrário). Não percam porque ouvi dizer que este é que vai ser mesmo giro.

1 comentário:

rmixme disse...

Por vezes é giro um pouco de atribulação senao seriam umas férias monótonas. Também eu não conseguia parar para comer num pinhal no alentejo que vinham logo os donos dos pinhais a correr não sei da aonde (talvez de cima das arvores) a mandar-nos embora.
Mas de facto vocês tiveram mais azar...O que interessa é que se tenham divertido apesar de tudo e tenham conhecido sitios, pessoas e ambientes desconhecidos. E por isso mesmo cá estarei para ler o teu próximo post.