segunda-feira, agosto 07, 2006

Jonathan Strange & Mr. Norrel











No início do século XIX, a Magia desaparecera havia tempo de Inglaterra. John Uskglass, o Rei Corvo, rei-feiticeiro de metade de Inglaterra, há muito se afastara, assim como as fadas se haviam retirado de volta a Faerie.

Acabei de ler Jonathan Strange & Mr. Norrel. O livro relata os esforços destes dois personagens, dois feiticeiros numa terra onde a única magia presente é a teórica, para restaurar a Magia Inglesa à sua antiga forma. Primeiro como aluno e mentor, depois como rivais, Strange e Norrel são mostrados como duas personalidades e visões distintas que inevitavelmente entrarão em conflito, mas que partilham fervorosamente da mesma paixão: a Magia.

Susanna Clarke dá-nos nesta sua primeira obra um surpreendente retrato de uma Inglaterra alternativa, com a Magia irrevogavelmente impregnada na sua história. Surpreendente tanto pela sua minúcia como pela verosimilhança; conseguimos acreditar que foi assim que Wellington venceu Napoleão, com o auxílio de frotas ilusórias ou enredando os exércitos franceses em marchas intermináveis por estradas que se tornavam labirintos. Acreditamos que existiram numerosos cavalheiros estudiosos de Magia, que publicavam cuidadosa e profusamente as suas descobertas, e que tinham como ajudantes essas perigosas criaturas, as fadas. Que por todo lado estradas ligavam Inglaterra às terras encantadas de Faerie. A Magia criada por Clarke tem um cunho muito próprio, é quase uma gentleman’s magic, que apesar de desaparecida, faz parte integrante do mundo a que pertence.

Mas não é preciso gostar de livros sobre magia e o fantástico para apreciar Jonathan Strange & Mr. Norrel. A exploração de uma paisagem histórica tão rica e personagens diversos, a sua interacção e a sua evolução são atractivos mais que suficientes para que esta seja uma estória a ler e, pelo menos no meu caso, a saborear.

Fiquei várias vezes acordado até às tantas para o acabar, que é coisa que já não fazia há algum tempo. E mesmo assim, apetecia-me mais. Como diz um dos elogios na contracapa, é possível um livro de 800 páginas parecer pequeno demais.

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