terça-feira, abril 18, 2006

Frida



Tive ocasião de visitar uma das exposições patentes neste momento no Centro Cultural de Belém, onde me foi revelada a obra de Frida Kahlo.

Esta pintora mexicana deixou-nos um legado ímpar. A nível artístico, e a nível pessoal. A sua arte acabava por ser mesmo a sua vida, retratando-a, exorcizando-a, completando um mundo sempre centrado na sua solidão e na dor constante. Vale a pena tentar perceber o ser humano que se esconde por detrás d'"A coluna partida", "Hospital Henry Ford", ou d'"Umas quantas facadinhas".

Por algum tempo, perdi-me por entre poemas em tela. Poemas que falam de agonia, mas também de coragem. Poemas de isolamento, e retratos daqueles que a rodeavam. Imagens surrealistas, que como ela própria dizia, não eram mais do que a sua realidade.

Mas cá fora, por entre as pessoas que visitavam a exposição, também houve algo que me chamou a atenção. Um casal passeava por entre as obras de arte juntamente com o filho, um miúdo dos seus 4, 5 anos. Mas ao contrário do frete usual da criança que vai atrás dos pais com suspiros de "QUERO IR EMBORA!" ou "QUERO IR FAZER XIXI!", o miúdo parecia estar a gostar verdadeiramente de estar ali. Talvez porque em vez de o tratarem com condescendência, os pais lhe fossem explicando cada quadro em termos apropriados à sua idade. A maturidade e complexidade dos temas retratados não os demoveram, e ainda bem. Acho que ficou provado que as crianças não são fracas de espírito, talvez exactamente quando não os tratamos como tal. Tenho a certeza que da mesma forma que me senti enriquecido quando saí, também aquele puto beneficiou do toque de Frida.

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