quarta-feira, março 08, 2006

Sem Máscaras



Pensei um bocado antes de escrever esta segunda parte. A porção emocional desta semana envolve directamente duas pessoas de que gosto. Bastante. Diz respeito a sentimentos e situações pessoais de cada um.
Há confidências que não verão estas linhas. Não por não terem importância para mim, pelo contrário, mas exactamente por serem isso mesmo, confidências.
De qualquer modo, sinto-me compelido a falar, porque desde que comecei a escrever este blog ele tem-se tornado um escape onde exorcizo algumas situações, onde as ponho em perspectiva. Por isso, talvez parte do que vem a seguir pareça desconexo, mas é o preço a pagar por se expor o que não será, de forma alguma, para expor.

Há pouco mais de uma semana, comecei de novo a interessar-me pela descoberta de alguém. Uma nova pessoa entrou na minha vida, sem pedir grande licença, sem grandes alardes. Ligámo-nos.

Hoje, a presença dele coloca-me num dilema.

É possível querer sem se saber se se quer? É concebível estar com alguém e adorar cada minuto e mesmo assim não perceber se me devo deixar envolver por ele?
Aparentemente sim. O problema não é ele. Pelo que já pude perceber neste pouco tempo, é a todos os níveis adorável, e uma pessoa a sério. Vejo claramente que estou no limiar… mais um passo e caio de cabeça.
O problema sou eu, e na minha disponibilidade para dar esse passo.
Conheço-o um pouco mais a cada dia. Tenho passado bastante tempo com ele, e quase tudo me diz que poderíamos ser felizes juntos. E ainda assim, hesito. Será que estou a ser estúpido? Que estou a adiar ou quem sabe até a desperdiçar uma coisa que poderia ser tão boa? Ou será que esta necessidade que talvez tenha ainda de espaço deve ser alimentada como algo de essencial?
Não sei. Tenho de continuar a explorar-nos. E é o que vou fazer. Desde que ele o permita, claro.

Outro dos dados adquiridos em que o meu dia a dia se baseou nos últimos meses desapareceu também sem aviso. A pessoa de quem me separei entrou de seguida numa relação. Estava com outro. E digo estava, porque esta semana essa relação terminou de repente.
Em mim, o primeiro impacto foi grande. Não por pensar que ali estava a minha oportunidade de voltar a ter algo. Aliás isso, o constatar de não querer voltar para ele se por um acaso me fosse dada a oportunidade, foi uma das coisas que me surpreendeu um pouco, apesar de tudo, e me fez perceber que já ultrapassei essa fase. O que me abalou foi ver alguém por quem tenho um carinho enorme praticamente no mesmo estado em que fiquei dois meses atrás. Olhar para ele foi quase como ver-me ao espelho.
Sei como nos sentimos na situação em que ele se encontra. As nódoas negras, embora esbatidas, ainda são visíveis na minha pele. E não queria que ele estivesse a passar pelo mesmo.

Tento dividir-me para dar atenção a ambos. Tanto um como outro, a meu ver, teriam direito à minha presença completa, coisa que não posso dar neste momento. Espero estar a conseguir dar a um o apoio de que precisa e ao outro a atenção que merece.

Há poucos dias, estava a recuperar de uma relação que terminou. Neste momento, tento ajudar um Amigo a passar por um período difícil, enquanto catalogo cá dentro os sentimentos por uma nova pessoa. Será que o fim com o primeiro não me deixa avançar de cabeça para o outro? Ou ainda é simplesmente muito cedo para dar esse passo? Queria ter certezas. Não quero uma relação com pés de barro. Não quero dar-me completamente mais uma vez para ter daqui a umas semanas de reajustar novamente a minha vida a estar sozinho.

E no meio de tudo, tenho tentado ser o mais transparente possível com os envolvidos. Sem usar máscaras. Ser apenas eu.

Pouco tempo atrás, em conversa com alguém surgiu o pensamento. Quando era pequeno, pensava que a parte mais difícil quando fosse crescido seria pagar as minha contas e ser independente. É complicado, sem dúvida. Mas a parte realmente difícil é navegar entre sentimentos, meus e dos que me rodeiam. Fazer deles algo que valha a pena ser vivido, e respeitar os outros no processo.

O homem em mim procura respostas.

1 comentário:

rmixme disse...

Infelizmente essas respostas não advém de outros. Somos nós que as procuramos. Os amigos podem dar opiniões mas só nós podemos decifrar qual a resposta certa. Sei que estás a atravessar uma fase dificil mas quero que saibas que poderás contar comigo para te ouvir e dar a minha opinião pessoal. Nunca esquecendo que se trata apenas de uma opinião, não de uma resposta.