quinta-feira, junho 29, 2006

Irmãos

Às vezes esqueço-me que ter irmãos não é um dado adquirido para toda a gente. Às vezes esqueço-me que ter Irmãos/Amigos é um dado adquirido para menos gente ainda.

A vocês, Mana e Mano, obrigado por o serem.

Obrigado a ti, Mana Querida, por estares lá sempre e apoiares, e te preocupares comigo. Apesar das brigas de putos, e das dentadas, que já lá vão. Graças a isso, também. Por teres partilhado da minha infância e teres emergido dela a pessoa linda que és, e por saber que sempre poderei contar contigo. Por seres uma Irmã na verdadeira acepção da palavra, e não apenas a filha dos mesmos pais que eu.

Obrigado a ti, Mano Puto Mais Novo, por ter em ti talvez o mais próximo de um filho que alguma vez terei. Por te ter visto crescer de bebé minúsculo a gajo grande, e porque apesar disso sempre olharei para ti e verei o Puto, mesmo quando eu tiver 85 e tu 70. Agradeço ter-te podido contar histórias para adormecer. Agradeço ter brincado contigo como se tivesse a tua idade. E agradeço ver pelo menos algumas partes de mim reflectidas em ti.

Obrigado aos dois, por aguentarem e aumentarem as minhas palhaçadas, e por ser sempre bom estar ao pé de ambos. Mais importante, obrigado por juntamente com os nossos Pais constituírem o núcleo de pessoas a quem chamo Família. Eu não seria o mesmo sem vocês ao meu lado.

domingo, junho 25, 2006

Pride

Hoje foi a Marcha do Orgulho Gay, em Lisboa.

Acho bem. Assim os homossexuais portugueses podem aparecer perante a sociedade em geral, defendendo a obtenção de direitos que não possuem só por não pertencer à chamada normalidade.

Acho mal. Porque uma pessoa não se deveria orgulhar de ser homossexual, como de se orgulhar de ser branca, escrever com a mão direita ou gostar de esparguete. Quando isso passa para os outros de forma prepotente, está-se a estigmatizar mais os homossexuais e a separá-los dos que não o são.

Apesar das minhas opiniões contrárias (e portanto não apoiar nem deixar de apoiar o Pride), e porque ser homossexual faz parte daquilo que sou, deixo aqui algo que escrevi há alguns anos e que muitos de vocês já viram anteriormente. Mas apeteceu-me, por isso façam-me a vontade.



Há muito tempo atrás, após a criação do mundo, anjos deambulavam pela terra, ajudando os mortais com as suas vidas, sem que estes se apercebessem. Deus havia criado o Homem e a Mulher, e tudo era com havia sido destinado, e eles complementavam-se um ao outro. Mas um dia, um anjo percebeu que não era igual aos outros anjos. Haviam anjos femininos e anjos masculinos, e ao contrário da noção que hoje temos deles, conheciam o amor, um amor puro e espiritual, uns pelos outros. O anjo apercebeu-se de que não desejava os anjos femininos, mas que a sua alma procurava outros como ele. E isso atormentava-o, porque não era assim que deveria ser. Quando os outros anjos se aperceberam, ficaram chocados e furiosos. Deus não os fizera assim; não era natural e não o tolerariam. Ele foi condenado a deixar o seu estado imortal, banido para o mundo abaixo, para terminar os seus dias como um homem comum, esquecido para sempre. Tiraram-lhe as asas, deixando só as cicatrizes nas suas costas, e deixaram-no só, solitário numa terra onde não havia ninguém como ele...
Mas Deus contemplou o seu anjo, e teve pena dele, pois era puro e bom, e não era culpado por ser diferente dos outros anjos. Tomou as asas que outrora haviam estado nas costas do anjo e insuflou-lhes vida. Com um tremor, as asas dividiram-se em milhares de delicadas penas brancas, que foram carregadas pelas brisas suaves ao redor do mundo. Quando uma pena encontrava um homem sensível o suficiente para a tentar alcançar, transformava-o, tornando-o uno com o anjo, tornando-o como ele, e então ele já não estava só...
As penas estão soltas pelo mundo desde então, vagueando, pairando... Esta é a razão porque, até ao dia de hoje, ninguém sabe porque um homem é gay; acontece tudo com o sussurro de uma pena... Mas as cicatrizes nas costas do anjo estão lá também, nas costas de cada um. Elas representam a queda de graça, e é por isso que as outras pessoas os excluem, repudiando-os, sem se aperceber de que até Deus nos deu a sua benção... àqueles gentis o suficiente para alcançar a pena...

quinta-feira, junho 22, 2006

À espera

Levei-te ao hospital hoje de manhã.

Ontem jantámos com amigos. Depois ficámos só os dois, numa noite que foi uma tentativa de ambos de matar as saudades que, sabíamos, iriam aparecer logo no dia seguinte.

Mais do que o normal, vou ter saudades. Saudades de te ter bem. Saudades por não poder estar ao teu lado, e saber que precisas da minha presença. E saber que preciso da tua, porque te sentirias melhor se estivessemos juntos.

Vais ser operado amanhã. Os preparativos já estão feitos. Segundo o médico, é uma intervenção descomplicada. Por isso, agora é só esperar.

Mas já tenho saudades tuas, meu lindo... e uma vontade enorme de te abraçar outra vez com força e dizer que vai correr tudo bem. Porque sei que vai. Mas também sei que do teu ponto de vista as horas se vão esticar como nunca até começares a sentir a anestesia, amanhã de manhã...

Custa não poder dar-te a mão e ajudar a afastar os teus medos. Custa não poder neste momento olhar nos teus olhos e fazer-te sentir amado, como eu me sinto cada vez que olho nos teus, e protegido de tudo e de todos, sozinhos no nosso planeta...

Olha pela janela hoje à noite. As estrelas estarão lá, e no meio delas, estará a nossa. Estende a mão e apanha-a. Ela leva o meu beijo de boas noites e o meu sussuro... "Gosto de ti..."

quarta-feira, junho 21, 2006

And Now I'm Back / From Outer Space

Voltei.

Não que tivesse ido para fora. Ou melhor, se calhar até fui. Pra fora da minha rotina de escritório. Pra fora do espartilho que é às vezes estar sentado nesta cadeira.

Saí por uns dias da realidade de trabalho para estar somente na outra realidade, aquela onde estou com os amigos e não há horas para nada, a não ser as que impomos a nós mesmos. A companhia foi a melhor que poderia ter tido. Ter-te ao lado nas férias, partilhar tantos dias contigo, deitou nova luz sobre ti e sobre nós. E deu-me a certeza que nós não existe apenas em tempo de férias.

Regressei ao trabalho. Foram quinze dias, mas na maior parte deles, e fugindo à norma, esqueci-me completamente da existência do escritório. Apesar disso, ele não se esqueceu de mim. Havia literalmente uma pilha de trabalho na secretária à minha espera. Agora vou ter de tratar do reverso da medalha férias/trabalho, que é voltar a ter os assuntos em dia. Enfim...

Em paralelo e em perspectiva dos últimos tempos (porque as férias também servem para pôr as coisas em perspectiva), percebo que a minha própria realidade se vai alterando, e que as diferentes partes da minha vida, antes tão compartimentadas, se vão misturando. As fronteiras vão-se esbatendo e dissolvendo pouco a pouco. É um processo muito gradual, mas está lá. Amigas de longa data a quem conto a verdade, a mana e o namorado em relação de amizade, reuniões de amigos (tanto da minha parte como da dele) onde o outro vai, colegas que estiveram sentados ao nosso lado a comer bifanas, no dia das marchas sem que me aperceba, e mais importante, eu a sentir-me perfeitamente confortável acerca disso, traduzem o facto de eu estar a mudar.

Não digo que vou sair do armário no meu local de trabalho, e muito menos que me vou desfazer em trejeitos no escritório. Nem que vou chegar a casa amanhã e sentar os meus pais na sala para ter AQUELA conversa. Estou é, isso sim, a dizer que já não falo em sussurros cada vez que falo com um amigo pelo telemóvel. Que já não converso a medo no café acerca de assuntos privados com receio de que alguém possa ouvir a conversa. Que é natural, e não stressante, encontrar familiares ou colegas em contexto social quando estou com o namorado ou amigos do outro lado.

Talvez daqui a um tempo, não tão longínquo, eu deixe que os diferentes aspectos se misturem completamente. Se fizer sentido para mim. Talvez. Logo se vê.

terça-feira, junho 06, 2006

Finalmente...

Estou de
FÉRIAS!!!

sábado, junho 03, 2006

quinta-feira, junho 01, 2006

A criança dentro de nós

Como é Dia da Criança, mais uma efeméride sem absolutamente nada de comercial (introduzir tom sarcástico nas palavras atrás, por favor) e como acredito que cada um de nós tem dentro de si uma criança (embora não literalmente - isso só as grávidas), junto-me às comemorações introduzindo uma alteração no meu blog.

A partir de agora, e se a coisa funcionar como deve ser, está na barra lateral um cartoon que vai actualizando regularmente. Sempre é diferente. E é alguma coisa para manter a nossa criança interior ocupada. Porque é sabido que uma criança sem nada para fazer só faz confusão.