terça-feira, maio 27, 2008

Homem de Ferro


Como um cavaleiro a jacto numa armadura dourada, Tony Stark aparece para salvar a princesa: a sua consciência. E nesse processo leva-nos com ele a uma viagem bem mais gratificante do que seria de esperar à primeira vista.

No ano passado, lamentei a oportunidade perdida num filme da Marvel de contar uma história com personagens tridimensionais. O Rise of the Silver Surfer foi, nesse aspecto, fraquito. Iron Man não comete o mesmo erro. Dizer que Robert Downey Jr. é o filme seria injusto. Este é, para uma obra baseada em BD, algo ao mesmo tempo bastante multifacetado e perfeitamente auto-suficiente. Não é preciso ter ouvido sequer ter ouvido falar do Homem de Ferro para perceber toda a acção, e gostar do que se vê. Mas não se pode negar que, agora e provavelmente para sempre, Robert Downey Jr. é Tony Stark, e qualquer outro será pura imitação. Não conheço, confesso, muito do seu trabalho, mas graças a ele, Tony não é de papel. É de carne e osso, e metal, um proto-herói de meia idade que ganha uma nova visão do mundo e do seu próprio interior.

No início, Stark é um playboy mulherengo e dado a monumentais bebedeiras. É também um génio em electrónica que lidera uma das maiores fábricas de armamento do mundo. Para ele, as armas que inventa e com que equipa o exército são ferramentas de manutenção da paz. Essa perspectiva ingénua é despedaçada quando, numa demonstração do seu mais novo míssil, as tropas são atacadas por um grupo Taliban e ele próprio é capturado, ferido ironicamente por uma das armas que ajudou a construir. Em risco de vida devido aos ferimentos e obrigado a fabricar uma nova arma pelos seus captores, um Stark desesperado constrói ao invés uma armadura fantástica que lhe permite continuar vivo e iniciar a sua cruzada pessoal contra as armas e aqueles que através delas impõem a sua vontade.

Este é um filme onde os efeitos hi-tech, apesar de espectaculares e indispensáveis, não são uma desculpa para a história mas sim e apenas uma parte necessária da mesma. Iron Man é acima de tudo a história do homem dentro da armadura e da sua tomada de consciência onde antes existia um vácuo moral. Sim, segue as convenções de um blockbuster de Verão, com explosões espectaculares, mulheres bonitas e traições, mas fá-lo ao mesmo tempo que tece uma fábula pacifista, com surpreendente profundidade.

Mesmo que não gostem de BD, podem ir ver. Garanto que não é nenhum frete, pelo contrário. Fiquem é avisados que existe o risco, depois disso, de começarem a consumir revistas aos quadradinhos…

segunda-feira, maio 19, 2008

Contar carneiros desperta

É Domingo à noite. Estou eu a preparar-me mentalmente para me ir deitar e eis senão quando me aparece o Onda Curta, programa da RTP2 que periodicamente revela pérolas que de outra maneira não teriam lugar na televisão portuguesa, e que já merecia um horário decente.

Uma das curtas de ontem, não sendo uma curta-metragem propriamente dita mas um conjunto de pequenos episódios, paralisou-me a mão do comando. Por causa dos carneiros, não consegui sair de frente da TV. E nem pensar em dormir até que acabasse…

Do criador de Wallace & Grommit, animação em claymation, surgiu o personagem de Shaun, uma ovelha nada convencional que acabou por conquistar o seu lugar na ribalta. Parece que o público alvo são as crianças, mas Shaun e os seus amigos têm um charme desarmante que me encheu de boa disposição, mesmo no final de um fim de semana. A ver, se os conseguirem encontrar.


sexta-feira, maio 16, 2008

O gato e o cordel

Roubei o brinquedo ao gato. Conheci-o esta semana e a primeira coisa que fiz foi roubar-lhe o brinquedo.

Foi sem querer… Juro! O cordel, brincadeira predilecta do Puchi, veio agarrado às minhas calças quando saímos de tua casa. Só reparámos depois, ou tinha voltado atrás para o devolver.

Ainda se o gato fosse um bicho intragável, não me pesava muito na consciência. Mas o Puchi é assim uma mistura de boneco Barriguita felino com uma bola de pêlo felpuda, com personalidade carente e ao mesmo tempo eléctrica. Não é possível não gostar dele… Assim que o vimos a correr disparado em direcção a nós, fomos fisgados. A única parte chata foi que por causa da visita passei a ter o A.R. a massacrar-me porque também quer um assim.

Desculpa, Rmixme, pelas noites em claro que devo ter causado ao teu bebé, tirando-lhe a brincadeira. Mas espero que, pelo menos, a esta altura já tenhas ido pedir ajuda às autoridades aí do prédio para resolver o furto… Que alguma coisa de bom para ti saia desta situação, né?


P.S. – Eu devolvo, garanto. Afinal assim posso aproveitar e ver o Puchi outra vez!