Fui ver “Fantastic Four – Rise of The Silver Surfer”, mais um dos filmes com personagens da Marvel a juntar aos que têm saído ultimamente.
Se gostei? Gostei. Este é um dos meus géneros preferidos, por isso à partida começa logo com pontos positivos… Afinal, depois de tanto tempo em que só lia revistas de super-heróis, posso vê-las desenrolar-se à minha frente, a cores (estonteantes) no ecrã. Mas vê-las, e não imaginá-las apenas, seria perfeito se o meio cinematográfico transmitisse sem tirar nem pôr o meio impresso. A verdade é que o que resulta num nem sempre resulta noutro, e isso, para quem já leu os originais, faz com que o filme, adaptado como inevitavelmente tem de ser, acabe por ser um “quase aquilo”. Isto desculpa-se, mas neste caso, só em parte.
A adaptação do argumento de um clássico como “A Chegada de Galactus” (peço desculpas se estraguei surpresas a alguém) terá de ser isso mesmo, uma adaptação. Nunca poderíamos ter num filme as nuances – e talvez pareça estranho a quem nunca leu Marvel que esteja a falar de nuances numa obra de banda desenhada – presentes num épico dessa magnitude, emprestada não só mas também por anos e anos de background que são o Universo Marvel. Mesmo assim, a parte da história que envolve o Surfista Prateado e o seu Mestre é satisfatória, ainda que curta.
No entanto, no centro de cada história, e o Quarteto Fantástico não é excepção, estão os personagens. Que infelizmente no filme estavam, como a passagem de BD para cinema, “quase lá”.
O Tocha Humana e o Coisa pareciam autênticos putos a guerrear um com o outro. E se isso é desculpável no que diz respeito ao Tocha, um late teen / daredevil / bon vivant, é bastante estranho num homem amargurado transformado em monstro de pedra. Se juntarmos a estes dois o casal Mulher (de Personalidade) Invisível e Senhor (Nem Por Isso) Fantástico, o resultado é uma família fraquinha. A caracterização do grupo como família deliciosamente disfuncional, parte inerente dos comics e que o torna afinal mais real, traduz-se basicamente no filme por uma cena de gritaria entre os quatro que para mim não funciona. Só me faz pensar “Calem-se lá com isso e vão apanhar o mau!”.
O outro lado da trincheira traz também um Doctor Doom despido tanto de armadura como de carisma. Surpresa das surpresas, no segundo filme da série alia-se aos bons apenas para (outra reviravolta inesperada – desculpem lá o spoiler) mais tarde os trair.
O personagem mais fiel ao original é afinal o extraterrestre. O Surfista Prateado é uma visão tornada realidade, decalcada da minha imaginação para o ecrã. No pouco tempo de interacção com os restantes, o homem que enterrou a sua humanidade para que o que amava pudesse continuar a existir brilha para além da sua pele prateada. É irónico que a pessoa mais real seja aquela feita por CGI.
Erros de casting aparte (nunca me vão convencer que Jessica Alba é a Mulher Invisível, por mais voltas que dêem), o problema maior do filme foi não ter levado os personagens suficientemente a sério. Havia espaço para deixá-los crescer, dar histórias individuais a cada um, caracterizá-los e torná-los mais humanos. Pois o que é a fantasia sem uma boa dose de realidade? Em vez disso, optaram por fazer um filme ligeiro de hora e meia, dirigido aos putos, público preferencial de Verão. Só assim se explica que a história apontasse basicamente para o fim do mundo, mas ninguém parecesse importar-se demasiado com isso.
Não me interpretem mal. Continuo a dizer que gostei do filme. É um bocado bem passado, com super-heróis, acção, fantasia hi-tech, um surfista espacial e mesmo um helicóptero a cair no meio de um casamento. Creio que o termo técnico para isso é “fixe”. Ficou foi na boca o gostinho amargo da oportunidade desperdiçada.
Se gostei? Gostei. Este é um dos meus géneros preferidos, por isso à partida começa logo com pontos positivos… Afinal, depois de tanto tempo em que só lia revistas de super-heróis, posso vê-las desenrolar-se à minha frente, a cores (estonteantes) no ecrã. Mas vê-las, e não imaginá-las apenas, seria perfeito se o meio cinematográfico transmitisse sem tirar nem pôr o meio impresso. A verdade é que o que resulta num nem sempre resulta noutro, e isso, para quem já leu os originais, faz com que o filme, adaptado como inevitavelmente tem de ser, acabe por ser um “quase aquilo”. Isto desculpa-se, mas neste caso, só em parte.
A adaptação do argumento de um clássico como “A Chegada de Galactus” (peço desculpas se estraguei surpresas a alguém) terá de ser isso mesmo, uma adaptação. Nunca poderíamos ter num filme as nuances – e talvez pareça estranho a quem nunca leu Marvel que esteja a falar de nuances numa obra de banda desenhada – presentes num épico dessa magnitude, emprestada não só mas também por anos e anos de background que são o Universo Marvel. Mesmo assim, a parte da história que envolve o Surfista Prateado e o seu Mestre é satisfatória, ainda que curta.
No entanto, no centro de cada história, e o Quarteto Fantástico não é excepção, estão os personagens. Que infelizmente no filme estavam, como a passagem de BD para cinema, “quase lá”.
O Tocha Humana e o Coisa pareciam autênticos putos a guerrear um com o outro. E se isso é desculpável no que diz respeito ao Tocha, um late teen / daredevil / bon vivant, é bastante estranho num homem amargurado transformado em monstro de pedra. Se juntarmos a estes dois o casal Mulher (de Personalidade) Invisível e Senhor (Nem Por Isso) Fantástico, o resultado é uma família fraquinha. A caracterização do grupo como família deliciosamente disfuncional, parte inerente dos comics e que o torna afinal mais real, traduz-se basicamente no filme por uma cena de gritaria entre os quatro que para mim não funciona. Só me faz pensar “Calem-se lá com isso e vão apanhar o mau!”.
O outro lado da trincheira traz também um Doctor Doom despido tanto de armadura como de carisma. Surpresa das surpresas, no segundo filme da série alia-se aos bons apenas para (outra reviravolta inesperada – desculpem lá o spoiler) mais tarde os trair.
O personagem mais fiel ao original é afinal o extraterrestre. O Surfista Prateado é uma visão tornada realidade, decalcada da minha imaginação para o ecrã. No pouco tempo de interacção com os restantes, o homem que enterrou a sua humanidade para que o que amava pudesse continuar a existir brilha para além da sua pele prateada. É irónico que a pessoa mais real seja aquela feita por CGI.
Erros de casting aparte (nunca me vão convencer que Jessica Alba é a Mulher Invisível, por mais voltas que dêem), o problema maior do filme foi não ter levado os personagens suficientemente a sério. Havia espaço para deixá-los crescer, dar histórias individuais a cada um, caracterizá-los e torná-los mais humanos. Pois o que é a fantasia sem uma boa dose de realidade? Em vez disso, optaram por fazer um filme ligeiro de hora e meia, dirigido aos putos, público preferencial de Verão. Só assim se explica que a história apontasse basicamente para o fim do mundo, mas ninguém parecesse importar-se demasiado com isso.
Não me interpretem mal. Continuo a dizer que gostei do filme. É um bocado bem passado, com super-heróis, acção, fantasia hi-tech, um surfista espacial e mesmo um helicóptero a cair no meio de um casamento. Creio que o termo técnico para isso é “fixe”. Ficou foi na boca o gostinho amargo da oportunidade desperdiçada.
P.S. - Se virem o filme, façam de conta que nunca viram o Senhor Fantástico a dançar. É mau. Muito mau. Por favor, esqueçam que aconteceu.
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