O puto fez QUANTOS!? 18 anos!!??
O meu irmão mais novo fez 18 anos. Deixou de ser tecnicamente um puto e passou a ser maior e, tanto quanto me lembro do boletim de vacinas dele, vacinado. Mais alto do que eu ele já era. Eu sabia disso, aceitava porque não tinha outro remédio. Mas apesar disso, ele sempre foi o miúdo, o infante lá da casa. O rei, muitas vezes. Porque é o mais novo, o menino quer, o menino manda. E agora…
Como é que já passou tanto tempo? Parece que foi ontem…
Lembro-me de quando os meus pais me chamaram a mim e à mana, nos sentaram no sofá e nos disseram que íamos ter mais um membro na família, e de como já não larguei a mão da minha mãe o resto da noite, apesar de já ter 14 e ser “um rapazinho crescido”. Lembro-me de irmos os quatro (os cinco) ao centro comercial comprar roupinha de bebé para o puto que aí vinha, lembro-me de como me assustei quando vi a minha mãe desfalecer e cair à minha frente, já com uma grande barriga, com uma quebra de tensão. Lembro-me do meu pai a chorar de alegria, quando soube que ele tinha nascido sem problemas. De ver aquela amostra de gente ao lado da mãe, na cama, e pensar que, de alguma forma, me sentia ligado a este ser com laços que nunca seriam quebrados.
Mudei-lhe fraldas, troquei-lhe a roupa e dei-lhe papa. Inventei mil e uma estórias mirabolantes, para que adormecesse, para que ficasse bem disposto, porque me pedia. Brinquei com ele, joguei com ele, como jogo com ele ainda. Vi-o sarapintado com varicela, mascarado de sapo, de diabo e de árvore, com caracóis e quase careca, com um grilo numa caixa e com um gato pelo gasganete. Partilhei o quarto com ele desde que deixou o berço, o quarto que agora já herdou quase por completo. Deixei a luz acesa à noite, e ajudei-o a trocar os lençóis quando acordavam ensopados. Consolei-o quando se aleijava. Ajudei-o com os trabalhos de casa. Levei-o à natação, fui ver saraus de ginástica, fui buscá-lo à ama e ao colégio. Vi-o conhecer cada letra, anos antes de ir para a escola. Vi-o entrar na primária, depois na preparatória, e na secundária, que hoje está a terminar para partir para a faculdade. Fomos (e somos) cúmplices nas brincadeiras, nas piadas que um começa e o outro acaba. Passou-se tanto até este ponto, desde que o puto nasceu até agora, que realmente só podia ter decorrido tanto tempo. Mas que pareceu um instante, pareceu.
Tenho quase 28 anos de ser mano (também te adoro, mana... sabes que nunca me senti o teu irmão mais velho; apesar de tudo sempre pareceu que éramos da mesma idade), mas 18 anos de ser o Mano Mais Velho… de ter alguém para quem eu estava lá em cima, para quem eu era um herói, alguém que eu podia ajudar e proteger. Sei que ele não deixa, nem nunca deixará, de ser o puto da família, o mais novo de todos. E vou continuar a ajudá-lo e a estar lá para ele quando precisar. Ao mesmo tempo, já é crescido, com tudo o que isso acarreta. Inclusive ter de tomar decisões e lidar com algumas coisas por si próprio. Dúvidas existenciais, problemas com raparigas… Essa parte não me conta directamente. Também não o posso censurar. Nunca ouviu um desabafo que fosse da minha parte, em relação a amores… por razões que, espero que venha a entender na íntegra, não têm a ver com eu não ter confiança nele mas com receios meus. Acho que tenho um pouco de medo de que, quando souber a verdade sobre a minha vida amorosa, deixe de me ver como o Big Brother que ele sempre admirou…
Claro que o puto fez 18 anos. Já cresceu. Eu é que quase não dei por isso. Estava ocupado demais a vê-lo crescer…
O meu irmão mais novo fez 18 anos. Deixou de ser tecnicamente um puto e passou a ser maior e, tanto quanto me lembro do boletim de vacinas dele, vacinado. Mais alto do que eu ele já era. Eu sabia disso, aceitava porque não tinha outro remédio. Mas apesar disso, ele sempre foi o miúdo, o infante lá da casa. O rei, muitas vezes. Porque é o mais novo, o menino quer, o menino manda. E agora…
Como é que já passou tanto tempo? Parece que foi ontem…
Lembro-me de quando os meus pais me chamaram a mim e à mana, nos sentaram no sofá e nos disseram que íamos ter mais um membro na família, e de como já não larguei a mão da minha mãe o resto da noite, apesar de já ter 14 e ser “um rapazinho crescido”. Lembro-me de irmos os quatro (os cinco) ao centro comercial comprar roupinha de bebé para o puto que aí vinha, lembro-me de como me assustei quando vi a minha mãe desfalecer e cair à minha frente, já com uma grande barriga, com uma quebra de tensão. Lembro-me do meu pai a chorar de alegria, quando soube que ele tinha nascido sem problemas. De ver aquela amostra de gente ao lado da mãe, na cama, e pensar que, de alguma forma, me sentia ligado a este ser com laços que nunca seriam quebrados.
Mudei-lhe fraldas, troquei-lhe a roupa e dei-lhe papa. Inventei mil e uma estórias mirabolantes, para que adormecesse, para que ficasse bem disposto, porque me pedia. Brinquei com ele, joguei com ele, como jogo com ele ainda. Vi-o sarapintado com varicela, mascarado de sapo, de diabo e de árvore, com caracóis e quase careca, com um grilo numa caixa e com um gato pelo gasganete. Partilhei o quarto com ele desde que deixou o berço, o quarto que agora já herdou quase por completo. Deixei a luz acesa à noite, e ajudei-o a trocar os lençóis quando acordavam ensopados. Consolei-o quando se aleijava. Ajudei-o com os trabalhos de casa. Levei-o à natação, fui ver saraus de ginástica, fui buscá-lo à ama e ao colégio. Vi-o conhecer cada letra, anos antes de ir para a escola. Vi-o entrar na primária, depois na preparatória, e na secundária, que hoje está a terminar para partir para a faculdade. Fomos (e somos) cúmplices nas brincadeiras, nas piadas que um começa e o outro acaba. Passou-se tanto até este ponto, desde que o puto nasceu até agora, que realmente só podia ter decorrido tanto tempo. Mas que pareceu um instante, pareceu.
Tenho quase 28 anos de ser mano (também te adoro, mana... sabes que nunca me senti o teu irmão mais velho; apesar de tudo sempre pareceu que éramos da mesma idade), mas 18 anos de ser o Mano Mais Velho… de ter alguém para quem eu estava lá em cima, para quem eu era um herói, alguém que eu podia ajudar e proteger. Sei que ele não deixa, nem nunca deixará, de ser o puto da família, o mais novo de todos. E vou continuar a ajudá-lo e a estar lá para ele quando precisar. Ao mesmo tempo, já é crescido, com tudo o que isso acarreta. Inclusive ter de tomar decisões e lidar com algumas coisas por si próprio. Dúvidas existenciais, problemas com raparigas… Essa parte não me conta directamente. Também não o posso censurar. Nunca ouviu um desabafo que fosse da minha parte, em relação a amores… por razões que, espero que venha a entender na íntegra, não têm a ver com eu não ter confiança nele mas com receios meus. Acho que tenho um pouco de medo de que, quando souber a verdade sobre a minha vida amorosa, deixe de me ver como o Big Brother que ele sempre admirou…
Claro que o puto fez 18 anos. Já cresceu. Eu é que quase não dei por isso. Estava ocupado demais a vê-lo crescer…
2 comentários:
Adorei o post. Enterneceu-me imenso. Só tu para escreveres algo assim.
Apesar de não o conhecer, parabéns ao teu puto.
Beijos
rmixme
Amei!
Não posso acrescentar mais nada a este comentário.
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