quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Maquinodependência

O computador já voltou, não sem mais algumas peripécias e com a compra de uma nova drive de DVD a juntar ao resto. E voltou algo melhorado, com mais RAM, alguns programas novos e actualizações de outros tantos – nem tudo pode ser mau.

A falta que ele me fez durante este período é que deu para me pôr a pensar. Porque carga de água é que, depois de passar oito ou mais horas agarrado a um seu semelhante no escritório, a primeira coisa que faço ao chegar a casa é ligar o PC? Porque é isso que acontece invariavelmente.

Não cheguei a nenhuma conclusão satisfatória. Dizer que não tenho mais nada que possa fazer em casa é uma estupidez. Adoro ler, e tenho uns quantos livros em casa que ainda não li. A televisão mesmo ali ao lado debita uma quantidade de canais, e hoje em dia é raro sentar-me no sofá a olhar para ela. Podia desenhar, ou pintar, ou estar simplesmente a ouvir música. Isto para não falar em arrumar a casa ou alguma outra actividade produtiva. Mas não. Ligo-me à máquina, como qualquer outro periférico, e fico ali uma noite inteira.

Talvez o computador seja a nova televisão, que muitas vezes se liga quando estamos sozinhos só para fazer companhia. Neste sentido, é um upgrade... porque é supostamente interactivo, e acabamos por estar envolvidos em algo ainda que não estejamos a fazer absolutamente nada. É claro que esta interacção é muitas vezes artificial e implica não estar a fazer algo significante, mas que importa? Desde que estejamos ocupados...

O único conforto é que apesar da actividade solitária, não estou sozinho. Há um vasto número de pessoas que faz exactamente isto, estar horas a fio agarrado ao teclado, um número crescente, a começar pelas novas gerações. Posso constatar isso pelo meu irmão e pela quantidade de contactos que o bombardeiam no Messenger e afins todas as noites. Como a maior parte deles, tornei-me computador-dependente... e fatalmente logo serei mais um membro do grupo daqueles que têm o computador tão impregnado no seu dia a dia que já nem questionam porquê.

:(

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