Assusta-se com pouco, pode-se pensar. Mas não, o susto não foi esse. A causa do medo foi outra. Nada mais, nada menos do que a fantástica pulga ronronante, a anã negra, a incrível e literal mini-destruidora de lares, dona do seu nariz e de mais alguns. Abro a porta para ir apreciar a não-vista, e eis senão quando a gata Maria sai disparada (mas mesmo disparada!) pelo terraço fora, correndo que nem uma louca. É de notar aqui que as visitas da gata ao exterior da casa se limitaram até hoje a algumas incursões breves e supervisionadas, não fosse o diabo tecê-las. A Maria é muito bom animal mas é variada das ideias (há quem diga que os animais são o espelho dos donos, mas isso agora não interessa nada) e a ideia era ser habituada aos poucos a privar num sétimo andar. Bem, esse plano já era.
Embora tomado de algum desconforto por ver a gata a correr de um lado para o outro como um tornado desvairado, bem pior estava para vir. Estava eu a uns quatro metros dela quando a senti fazer pontaria. Arrepiei-me; já sabia o que vinha a seguir. Tomando balanço, ela pára a corrida perto do muro, e num só movimento, dá um salto. O meu coração só não saiu pela boca porque o grito que soltei foi mais rápido. Em câmara lenta, como é da praxe, a Maria atingiu o ponto mais alto da sua trajectória e começou a cair. Ela ia ultrapassar o muro, já estava a antevê-la desaparecer da minha vista em queda livre até à rua... Nem sei bem como, lá conseguiu aterrar em cima do beiral, mas a custo. As patas dianteiras ainda ficaram do lado de fora, pressionadas contra o exterior do guarda-corpos. E, assim empoleirada num equilíbrio vacilante, ela olhou lá para baixo pela primeira vez.
Não se passou. Fitou o vazio por três segundos, virou-se e voltou ao chão do terraço. Não sei se percebeu o como esteve perto de se tornar uma mancha escura no passeio, mas o certo é que depois disto, voltou para dentro não muito a custo. O resto do dia esteve calminha, sem dar chatices. Nem escavou o vaso, nem comeu as folhas da planta, nem nada, o que não é nada normal.
Quanto a mim, finalmente lá me acalmei… Mas se aquela azeitona preta que mia me volta a fazer uma destas, atiro-a do terraço! A ver se não atiro!
P.S. – Não, não atiro. Gosto mesmo do raio do bicho…
segunda-feira, novembro 10, 2008
Susto
Ontem apanhei um susto daqueles. Levantei-me e fui à janela. A vista fantástica da Casa da Porteira tinha desaparecido, escondida por detrás de uma película branca colada logo a seguir ao parapeito do terraço.
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1 comentário:
Bem vindo ao mundo dos sustos dos gatos. Por norma, só tenho apanhado sustos desses com a minha gata, o meu gato mede todos os seus passos, não é muito de aventuras.
Pode ter servido de lição à Maria mas acredito que apenas por uns dias. Por isso, já sabem, há que ter "quatro olhos" sobre ela.
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