No dia 23, a Aula Magna alojou por algumas horas o que tenho de classificar como o melhor concerto a que já assisti até hoje.
Foi um espectáculo de luz, imagem, efeitos visuais que me remeteu para cada uma das canções de forma assombrosa. Vi David Fonseca, solto e à solta em palco, em perfeita comunicação com o público. Ouvi-o tornar-se um com a música e envolver-me no seu universo pessoal.
Durante mais de duas horas e meia, que pareceram passar a voar, o homem que constatei ser um verdadeiro animal de palco presenteou a assistência com as músicas mais emblemáticas dos seus dois álbuns, assim como temas da época Silence 4, com nova roupagem. Adorei cada uma. E também nos trouxe covers. Bastantes covers. Reinterpretações de canções dos anos 80 (que é um dos meus períodos musicais favoritos), que ao invés de trazer pensamentos de “olha, está a cantar mais uma música antiga” me fizeram salivar, e querer mais e mais. Não só porque gosto dos 80’s, mas porque lhes deu uma roupagem tão íntima, de quem interiorizou algo e nos mostra o que cada um daqueles temas significa para si.
Essa característica foi o que mais me fascinou. O espectáculo conseguiu transmitir-me o aspecto superprodução, cuidada em todos os pormenores, e ao mesmo tempo parecia estar a ver uma banda de garagem. No melhor sentido possível; lembrou-me uma actuação pessoal, e com a emoção e sentimento de descoberta que só alguém que começa consegue ter. Parecia que estava a ver um amigo actuar.
Pois é. Depois de me ter rendido ao seu timbre único e à sua escrita de canções logo no início dos Silence 4, e à confirmação do seu talento em “Sing Me Something New”, faltava capitular à sua prestação em palco – e na quinta-feira, toda a Aula Magna partilhou dessa minha rendição.
Sim, o David é mesmo ele. E um senhor.