segunda-feira, maio 14, 2007

Foi um Festival

No Sábado pudemos assistir a mais um Festival Eurovisão da Canção. E que espectáculo que foi.

Marija Serifovic, vinda da estreante Sérvia, venceu o certame com o seu “Molitva”. Embora não tenha percebido a letra, facto que penso se deveu a não saber uma palavra de sérvio, a música e a maneira como interpretou a canção convenceram-me de que estava diante de um vencedor credível.


O segundo lugar, no entanto, é outra história.

Por momentos, chegou a conceber-se que Verka Serduchka, legítima seguidora do estilo Antonita Moreno, levasse “Dancing Lasha Tumbai(!)” ao lugar cimeiro do pódio.



Cada vez mais, o Festival se torna um mostruário de efeitos especiais, golpes publicitários e Músicas da Tanga ®. Ano após ano, e salvo algumas excepções, aumenta o número de participantes que aposta no “mais-que-festivaleiro”. Passada que é a era da canção pimba (que tentámos levar mais uma vez este ano, com a discípula de Emanuel, Sabrina), entramos na fase do “visual com música de fundo”. Por regra, o palco já por si psicadélico serve de base a performances que se aproximam do Cirque du Soleil, mas sem o mérito artístico.

Será que este é um futuro aceitável para o Eurofestival? Será que devemos aceitar as alterações como algo inevitável e deixá-lo continuar nos moldes que for, desde que continue? É que quer queiramos, quer não, sempre houve mais por trás do certame do que a mostra da realidade musical de cada país.

Na verdade, todos sabemos que o Eurofestival também serve para estimular o espaço Europa ao nível monetário e auto-promover o turismo europeu. Mas mesmo aceitando essa função, a questão que se impõe é até quando o modelo presente vai continuar a servir a Portugal em particular e a Europa Ocidental em geral. Com o progressivo aumento de participantes de Leste e o voto de compadrio e de vizinhança que sempre fez parte do certame mas que cada vez atinge níveis mais perturbadores da imparcialidade na avaliação do mérito de cada canção, é cada vez mais remota a hipótese de termos por cá uma final. Torna-se mesmo complicado ter um representante português que seja nessa mesma final. Então, porquê continuar a investir (e um investimento que não deve ser tão pouco como isso) numa situação que não nos trará dividendos? Para que o resto da Europa fique a conhecer Sabrinas?

Sinceramente não sei o que ache. Mas se calhar, Portugal devia ponderar a hipótese de partir para outros empreendimentos e trazer de volta, sei lá, os Jogos sem Fronteiras. Aí ao menos pessoal com estrelas na cabeça sempre tinha a ver com algum jogo. E escusávamos de, depois de pagar a factura, ficar ano após ano à porta da final, a olhar para dentro e a dizer “Que pena, ainda não foi desta…

2 comentários:

rmixme disse...

Já se fizeram tantos comentários ao Festival da Eurovisão que eu nem vou comentar este ano, apesar de o ter visto do inicio ao fim sem interrupções (algo que já não acontecia há anos).
Apenas deixo o comentário à vencedora e às minhas preferidas.
A minha favorita era a da Geórgia, que fazia lembrar o Ray Of Light de Madonna mas com uma voz superior à de Madonna. Também gostei da Suécia que era um pop-rock alternativo em versão gay discreta e a da Rússia, tão criticada no Eurofestival por ser, penso eu, uma girls-band. Odeio os comentários de que as boys-band são todas horríveis ou tudo o que é pop é mau, etc. Não tenho paciência para comentários generalizados. Por isso gostei da canção da Rússia, apesar de ter uma letra fácil e meninas bonitas mas como alguém disse uma música não é só feita de música, letra e voz. Isso poderá ser o principal, a meu ver, mas uma música pode ser um espectáculo. Uma música pode ser muita coisa. Até pode algo hiper-minimilista que eu também gosto. Por isso...
Relativamente à que ganhou (nunca vi tantos gays e lésbicas num Festival da Eurovisão, lol)achei interessante mas nada demais.

Uff! Desculpa o longo comentário mas hoje acordei cheio de pica ;)

Beijos!

rmixme disse...

P.S. - Foi o melhor cenário de sempre de um Eurofestival e foi excelentemente bem filmado. Notou-se que todos os pormenores foram bem ensaiados para ser filmados naquele preciso instante durante as actuações. A organização esteve de parabéns.
E...Eládio Climaco, não há ninguém que te substitua. Aqui, gosto da tradição.

(para quem não queria fazer comentários, lol)